Racismo de David Mendes fez mais pela destruição da UNITA do que o MPLA

A Direcção da UNITA demarcou-se hoje das declarações do deputado David Mendes, eleito pelo partido, que afirmou, na Assembleia Nacional, estar “farto dos portugueses em Angola”, classificando a afirmação como um “deslize”. Deslize? Ou será, antes, que a UNITA – lá bem no seu íntimo – concorda com estas declarações?

“Acompanhámo-las [as declarações de David Mendes] e nós próprios ficamos muito surpreendidos com esta saída, que, naturalmente, não nos pode vincular, até porque não temos essa posição sobre Portugal ou sobre outra qualquer presença estrangeira em Angola. Creio que acabou por ser um deslize, vamos considerá-lo a este nível, que lamentamos profundamente”, disse hoje à agência Lusa o líder parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior.

Na quarta-feira, durante o debate que antecedeu a aprovação sobre a Lei de Repatriamento de Capitais, o advogado e fundador da associação Mãos Livres, David Mendes, deputado independente eleito nas listas da UNITA, questionou o plenário sobre as intenções do Governo com as privatizações das empresas estatais angolanas, culminando com um ataque duro a Portugal.

Ao longo de uma intervenção de cerca de cinco minutos, David Mendes defendeu que o processo de privatização em curso em Angola não pode permitir que as empresas públicas sejam entregues a estrangeiros, sobretudo aos portugueses, “que querem tomar a economia” nacional.

“Queremos entregar o país aos estrangeiros quando temos consciência que não temos condições económicas? Qual é a pressa? Já cometemos muitos erros no passado, cometemos muitos erros, e não vamos cometer mais um. Isto de entregarmos o país aos estrangeiros tem de parar. Os estrangeiros não vêm aqui de graça. Vêm retirar o que é nosso”, disse então David Mendes.

“Estamos hoje aqui a lutar com o repatriamento de capitais, muitos estão a embandeirar que o dinheiro vai voltar. Eu não acredito que Portugal vai devolver o dinheiro que está lá. E a França e a Espanha também não. Gostaríamos de pedir aqui a esta casa [parlamento] que pensássemos quem são os que vão comprar essas empresas. Queremos privatizar a Sonangol, para quem? Quem vai comprar? Eu não sou contra os portugueses, mas estou farto dos portugueses em Angola”, disse o deputado.

David Mendes continuou, depois, a pôr em causa a presença de “estrangeiros” em Angola, lembrando que, no país, residem mais de 170 mil cidadãos portugueses.

“Quem serão os beneficiários desta lei? Em primeiro lugar serão os estrangeiros. Não nos esqueçamos de que mais de 170 mil portugueses estão em Angola. A fazer o quê? Querem tomar a nossa economia”, afirmou.

“Outros beneficiários serão os angolanos que têm dinheiro para comprar as empresas. Porém, como estão a ser perseguidos, as abelhas vão tomar conta do negócio, porque o mel todos o querem. Que país é que queremos? Para meia dúzia de indivíduos? Para meia dúzia de estrangeiros? Vamos continuar a ser os escravos na nossa própria terra? Que alternativa? Precisamos de reflectir, de reflectir para os angolanos”, acrescentou.

Dirigindo-se de seguida a Fernando Piedade Dias dos Santos, presidente do Parlamento angolano, David Mendes questionou sobre o que valeu a guerra anticolonial, que culminou com a independência, em 1975.

“O que valeram os 14 anos de guerra? Valeu para quê? Para devolvermos tudo de novo a Portugal? Foi para isso que lutamos? Foi para isso que muitos de nós perderam sangue, que muitos de nós foram para a cadeia? Para perdermos tudo para quem nos esteve a colonizar? É essa a nossa tendência? Devemos parar e reflectir”, disse.

“Qual é o angolano que tem dinheiro? Os empresários estão falidos. Se nos viessem aqui dizer que a dívida pública interna deveria ser convertida em acções das empresas, se o Estado assumisse perante os empresários que, com este dinheiro que lhes deve, iria convertê-lo em acções nas empresas, estaríamos de acordo. Agora, oferecer as nossas empresas aos estrangeiros não estou de acordo”, frisou.

Para David Mendes, os antigos combatentes, veteranos de guerra e os desmobilizados têm uma pensão que fica aquém do que merecem, pelo que defendeu a solução de as acções da Sonangol e de outras empresas a privatizar convertessem também a favor deles.

“Temos de pensar o país. Muitos, muitos companheiros nossos, sofreram, deram toda a sua juventude na luta, e hoje estão na miséria. Quantas vezes olhamos para vários nossos antigos companheiros de luta que estão na miséria. E hoje, com a possibilidade de privatizarmos as empresas, não estamos a olhar para esses nossos companheiros. O senhor presidente [da Assembleia Nacional] sabe do que estou a falar, pois foi um combatente, dirigiu tropas, dirigiu homens, e eu fui um deles”, concluiu.

Hoje, nas declarações à Lusa, o líder parlamentar da UNITA disse não estar de acordo com o posicionamento de David Mendes, que será “seguramente pessoal, fruto de um momento não reflectido”.

“David Mendes não tem esta posição anti-portuguesa como permanente. Nunca a tinha ouvido. Devo dizer que foi uma surpresa ouvir esta declaração. Não sei a razão. Naturalmente que vamos conversar com ele. É preciso que, futuramente, se cuide melhor este tipo de frases, evitar ferir sensibilidades, porque, de facto, quando se vive em excessos exacerbados de reacções contra determinados povos temos de ser exemplo de tolerância e de abertura”, justificou-se.

“Temos uma comunidade angolana muito vasta em Portugal e não devemos ser nós a tomar aqui iniciativas em Portugal e noutros países. Tivemos uma longa guerra, onde os angolanos tiveram de ir buscar hospitalidade em muitos países, vizinhos e longínquos, pelo que o exemplo de tolerância e de respeito deve ser algo que nós próprios devemos assumir em primeiro lugar. Portanto, lamentamos”, terminou.

Folha 8 com Lusa

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12 Thoughts to “Racismo de David Mendes fez mais pela destruição da UNITA do que o MPLA”

  1. KotaFilipado

    Santa burrice e irresponsabilidade. Declaracoes do genero sao as q xtao a causar massacres na Africa do Sul. E os burros can baterem Palmas… Burrengos e sanguinarios. Qtos angolanos vivem em Portugal, Namibia, Congo, e Zambia? Por acaso qdo o estrangeiro investe rcb credito do BNA? Agora ha q culpar a nossa propria ma gestao e ignorancia aos estrangeiros? Deiam- me o exemplo de alguma empresa publica ou governamental q xta bem gerida por nos? Agora, aparece um desprezado, xenofobo, inresponsavel com as mesmas tendencias do Hitler e batem Palmas…. Santa ignorancia!

  2. carlos oliveira

    Os comentários produzidos supra, com excepções, são abomináveis. Não disfarçam o racismo, prática totalmente inaceitável. Portugal é um país amigo de Angola. É certo que no passado houve problemas e até uma guerra injusta. Porém, não se esqueça que essa guerra foi imposta ao povo português pelo regime fascista que então imperava em Portugal. Por vontade do povo português Angola era independente no momento em que reclamou a sua merecida e inquestionável independência. Aliás, se os soldados portugueses combateram em Angola tal se deveu a coacção governamental. As declarações proferidas constituem um acto hostil que em nada contribuem para o bom relacionamento entre os dois povos. E não esqueçam que em Portugal vivem milhares e muitos milhares de angolanos e seus descendentes. Que , aliás, são bem tratados e contribuem para o progresso do meu país. Simplesmente abominável e censurável.

  3. Carlos Pinho

    Por este andar mais dia menos dia o dito cavalheiro está a andar a quatro e a zurrar alegremente.
    E pelos vistos, seguidores é coisa que não falta.
    Angola está mesmo muito mal. Será que tem cura?

  4. Simão

    Isso não é racismo, o deputado tem razão de clamar que a questão deve ser muito bem reflectida. Na minha opinião, os empresários angolanos também são capazes. “Devemos parar e reflectir”.

    1. carlos oliveira

      O deputado tem razão? O tal deputado não tem a noção do teor do seu acto. Um deputado, pelas responsabilidades que tem, deve ser mais prudente no que diz. Portanto, esse deputado errou e insultou o povo angolano e luso, simultâneamente. Execrável…

  5. JoÃO Bordão

    ESTOU DE PLENO ACORDO COM O SR. EM CAUSA…! ( Não somos de mesma cor partidária), MAS O HOMEM É CLARIVIDENTE, TEM TODA A RAZÃO..!

    PAREM DE ENTEGAR O PAIS A ESTRANGEIROS E PRINCIPALMENTE A ESSA CORJA CORRUPTA, INCOPETENTE E….RACISTA ( sim eles o são).

    QUEM ESTÁ INCOMODADO COM AS AFIRMAÇÕES ?

    1. João Bordalo.

      Como qualquer bom sipaio, sob anonimato (até o endereço electrónico é falso) é fácil atirar a pedra e esconder a pata.

    2. carlos oliveira

      Ó João Bordão ganhe juízo. Esse deputado não enxergou os deveres que lhe estão adstritos. A declaração desse deputado é igual às proferidas por políticos europeus de extrema-direita, xenófobos e racistas que escolhem os seus alvos pela cor ou nacionalidade. Uma vergonha para Angola e um desrespeito por Portugal. Assim não vamos lá. Um abraço.

    3. carlos oliveira

      Com que então o homem é clarividente? A falar dessa forma contra portugueses, espanhóis, franceses e outros, Angola deixará de ter amigos e parceiros. Viverá só e orgulhosamente só, tal como dizia o ditador António de Oliveira Salazar, de má memória. Abra os olhos e seja inteligente. Respeitosos cumprimentos.

  6. A. MARTINS

    O analfabetismos é lixado!!!!

  7. kiala

    Porque que esses matumbos dos portugueses nao deixam a nossa terra ?? temos dereito ; Liberdade de expressao por mi nada de grave , aqui na europa, todos politicos, falam mal dos estrangeiros que vivem aqui na europa , ninguem é contra eles , eles que mandam , isso é normal guando vermos que eles estam a rougar o dinheiro dos angolanos ; temos direito de alertar os angolanos deste planos diabolicos do MPLA,,so falta sairem deste poder vao ver a onde é que vao parar ;.

    1. carlos oliveira

      Embora necessite de escola, o certo é que não se entende o que diz. Contudo, deixo-lhe um conselho: cultive-se. Um abraço dum português branco, que abomina o racismo.

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